Nesta nova edição de "Na Cadeira do Editor", tivemos o privilégio de conversar com Cyrille, também conhecido por seu canal no YouTube "Segredos de um editor profissional". Cyrille nos revela sua fascinante trajetória como editor-chefe, compartilhando conosco sua paixão pela arte da edição. Uma entrevista cativante que promete inspirar e enriquecer todos os entusiastas e profissionais de vídeo.

TRAJETÓRIA & PROJETOS

Pode se apresentar em poucas palavras?

Meu nome é Cyrille e sou Editor-chefe de documentários para a televisão.

Um editor-chefe é um profissional de pós-produção que dirige a edição de um projeto audiovisual, transformando as sequências brutas em uma narrativa fluida e coerente enquanto colabora estreitamente com a equipe criativa.

Como você começou e qual tem sido sua trajetória até agora?

Comecei fazendo um curta-metragem amador com amigos há mais de 25 anos. Não era o que eu planejava fazer na vida. Mas, contra todas as expectativas, pessoas ao meu redor acharam que eu tinha habilidades de filmagem e edição. Rapidamente, comecei a receber pedidos do tipo "poderia filmar o casamento da minha prima?" e me pagavam por isso. Eu aceitei essas oportunidades e, pouco a pouco, me envolvi cada vez mais. No início, eu fazia principalmente filmes de casamento. Então, comecei a considerar seriamente me profissionalizar. Foi assim que descobri que o que eu realmente gostava era de editar, muito mais do que filmar. Procurei então entrar para uma empresa, especialmente através de um programa de VAE (Validação de Experiência Adquirida) aconselhado pelo Pôle Emploi. Basicamente, você encontra uma empresa para fazer um estágio, e eles avaliam suas habilidades. O objetivo era principalmente entrar no meio e provar meu valor para a empresa. Foi isso que consegui fazer com uma pequena empresa em Rouen. Trabalhei lá por dois ou três anos, creio eu. E, pouco a pouco, percebi que precisava almejar mais alto, e foi assim que comecei a abordar emissoras de televisão. Com um pouco de sorte e bons contatos, rapidamente encontrei uma oportunidade em uma empresa em Paris que me ajudou muito. Mesmo que essa empresa não exista mais hoje, as relações que construí lá abriram muitas portas e acabaram moldando toda a minha carreira.

Por que você começou no YouTube e quais eram suas motivações?

Para ser honesto, acho que queria me lançar há muito tempo, mas sem um propósito específico. Estava curioso, assim como muitas pessoas estão. Em 2023, finalmente decidi dar o passo. Sempre há aquelas coisas que queremos fazer, mas muitas vezes dizemos que não temos tempo por causa do trabalho. Em algum momento, decidi parar de dar desculpas e me lancei. Pronto, eu fiz, simplesmente. Meu objetivo era, e ainda é o mesmo, compartilhar meu conhecimento na forma de tutoriais. Percebi logo no início que estava descobrindo um novo mundo. Eu tinha minhas referências na edição, conhecia bem o meio das produtoras, seja para filmes institucionais, comerciais ou TV. No entanto, tudo o que acontecia online era novo para mim. Foi como mergulhar de cabeça em algo já gigantesco, com muito a explorar. Então pensei, vou tentar ver o que posso trazer para esse universo.

FERRAMENTAS & TÉCNICAS

Entramos em contato recentemente e em um momento específico, você mudou para o DaVinci Resolve. Por que essa mudança PPro - DVR?

Na verdade, eu não abandonei um pelo outro. No trabalho, continuo usando o Premiere Pro. Ainda é meu software principal para o trabalho. No entanto, em casa, eu trabalho no DaVinci Resolve. Principalmente porque é muito mais barato, mas também porque é amplamente utilizado em praticamente todas as empresas onde eu posso trabalhar. Eu penso que talvez um dia, mudaremos de software, como acontece às vezes nesta profissão, e que o DVR poderia se tornar nossa ferramenta principal. Então, decidi me familiarizar com o DVR assim, caso haja uma mudança, eu já estaria pronto. Faz cerca de oito meses que o uso para meus projetos pessoais.

Algo te falta no DaVinci?

Em termos de funcionalidades, não, não realmente. Na verdade, o DaVinci tem até mais funcionalidades que o Premiere, então seria o contrário. Como você sabe, eu trabalho de uma maneira em que quase nunca uso plugins. Muitas pessoas hoje em dia estão acostumadas a trabalhar principalmente com plugins ou presets; o que faz com que, ao mudarem de software, tenham medo de começar do zero e perder tudo. Enquanto eu, por trabalhar manualmente, isso me permite adaptar-me rapidamente. Há algumas pequenas coisas que mudam, mas na edição pura, as diferenças são mínimas. Exceto, talvez, por um ou dois atalhos de teclado que eu poderia sentir falta, não falta nada importante no momento.

Como você descobriu o AutoCut?

Já tinha ouvido falar de vocês por meio de algumas pessoas próximas e entre aqueles que me seguem nas redes sociais, pois alguns usam. Portanto, eu já conhecia o AutoCut. No entanto, como tenho meus próprios hábitos de trabalho e não me apoio muito em plugins, não tinha me interessado mais até começarmos a trabalhar juntos e eu descobrir totalmente sua ferramenta.

Qual é o seu processo de criação de vídeo?

Depende muito dos períodos. No momento, como estou trabalhando em produção, é um pouco mais complicado encontrar tempo. Antes de começar esses projetos, eu tinha mais disponibilidade e uma rotina mais ou menos estabelecida: acordava muito cedo e a partir das 7 da manhã, já estava operacional. Geralmente, vou a um café perto de casa para escrever até as 9-10h, dependendo da inspiração. E isso todos os dias. Depois, se tenho conteúdo pronto para filmar, eu filmo pela manhã. Para os pequenos vídeos, eu filmo de manhã, depois edito à tarde e publico à noite. E quando são projetos mais significativos, começo filmando uma primeira versão para ter uma base. Depois, reescrevo e regravo até obter um resultado que me satisfaça. Atualmente, por exemplo, estou trabalhando em um vídeo que está em escrita e gravação há quase um mês. Prefiro dedicar tempo para aperfeiçoar sem me pressionar para publicar rapidamente, prefiro que o conteúdo me satisfaça plenamente.

TENDÊNCIAS & FUTURO

Na sua opinião, como a edição de vídeo evoluiu nos últimos anos e qual é o papel da IA nessa evolução?

Ainda não constatei um impacto direto da IA no meu trabalho diário. Existem, certamente, funcionalidades que aparecem gradualmente em nossos aplicativos. Por exemplo, ferramentas como o Autocut podem agregar algo para certos tipos de projetos, mas no contexto dos meus documentários, por exemplo, ainda não vejo como eu poderia usá-lo. As aplicações integraram funcionalidades de IA há algum tempo já. Por exemplo, no Premiere Pro, há uma funcionalidade que permite prolongar automaticamente as músicas. É bastante prático para não precisar criar loops manualmente, mas não a uso constantemente porque nem sempre escolhe as partes da música que eu gostaria. Acabo sempre fazendo manualmente para obter o resultado exato que quero. Considero meu trabalho um pouco como um artesanato. Eu prefiro fazer as coisas à mão, isso me dá um melhor controle sobre o resultado final. Não estou na corrida pela rapidez para ser rentável, como algumas pessoas que precisam entregar rapidamente. Do meu lado, prefiro a qualidade à rapidez. É por isso que, apesar da ênfase dada ao ganho de tempo por muitos plugins, isso não é realmente um fator determinante para mim.

Como você vê a nova geração e a edição? Novas técnicas? Ou ainda o surgimento de treinamentos de edição?

Algumas pessoas neste domínio vendem treinamentos sem verdadeira paixão ou interesse pelo assunto. Seu objetivo principal é vender treinamentos a preços exorbitantes, mas vazios de sentido. Isso me incomoda porque sua motivação é puramente comercial, sem respeito pela arte da edição. Muitas pessoas veem a edição de vídeo como um novo eldorado e se aproveitam ao vender treinamentos cheios de promessas. Muitos desses formadores não são realmente legítimos. Mas há também exceções, pessoas realmente competentes e legítimas, como Sami, por exemplo, que tem todo o meu respeito. Eu tento apoiar essas pessoas legítimas, guiar as pessoas para esses verdadeiros formadores. Acredito na importância de criar um vínculo entre as gerações, de compartilhar meu universo enquanto descubro o deles. Às vezes, eu me irrito com aqueles que não acrescentam nada. Eu não me oponho constantemente a isso, mas quando algo me marca, eu não hesito em expressar.

PAIXÕES & INSPIRAÇÕES

Além da edição de vídeo, qual é sua paixão oculta?

É complicado porque minha vida gira em torno dos filmes há 25 anos, então é realmente esse universo que me fascina, mais do que a simples edição. Quanto a uma paixão oculta, eu gostava de praticar esportes, quando meus joelhos permitiam. Mas de outra forma, devo admitir que tenho um certo orgulho de ter treinado meu gato! Isso é incrível. Acho que tive sorte com ele, ele é calmo, atento. É um prazer.

Se você pudesse propor uma nova funcionalidade para o AutoCut, qual seria?

É difícil dizer, especialmente porque não conheço em detalhes o funcionamento interno do AutoCut. Mas se eu não me preocupo com a viabilidade técnica e penso simplesmente nas minhas necessidades insatisfeitas na edição, penso em uma ferramenta que organizasse automaticamente os projetos. No meu trabalho, sou super organizado e isso é crucial porque não trabalho sozinho. É preciso que alguém possa facilmente retomar meu projeto sem gastar horas entendendo onde estão as coisas. Passei anos adotando um método rigoroso de organização. Um botão que, em um clique, organizasse a timeline e os elementos do projeto seria realmente útil.

Outra ideia seria uma ferramenta que escaneie a linha do tempo para identificar e corrigir automaticamente problemas de arquivos incompatíveis ou mídias não conformes. Por exemplo, poder rastrear todos os elementos que podem causar problemas na exportação de um projeto para evitar ficar bloqueado no final. Isso poderia realmente melhorar o fluxo de trabalho, evitando problemas de última hora na finalização de um projeto.

Obrigado por esta entrevista e por suas partilhas! Você pode encontrar Cyrille em suas redes:

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